As Jornadas da Economia 2022 da Universidade Lusófona tiveram lugar no dia 27 de Maio, no Auditório Agostinho da Silva, em Lisboa. A primeira sessão do evento foi dedicada ao tema “Globalização e Proteccionismo” contou com a presença de João Gama, da TROCA, bem como com a presença da doutora Raquel Varela e do Major-General Vieira Borges.
João Gama fez notar que a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento criou o termo “hiperglobalização” para designar os actuais exageros associados à política de comércio que conduzem a maiores desigualdades, a um impacto ambiental da actividade económica mais insustentável e potencialmente catastrófico, e a um “esvaziamento” das Democracias, nomeadamente através dos mecanismos ISDS. Os restantes convidados concordaram que a actual política de comércio não serve os interesses das populações, tendo Raquel Varela feito uma leitura dos desenvolvimentos das últimas década sob um enquadramento baseado na luta de classes, enquanto a leitura de Vieira Borges foi de cariz mais geoestratégico, focando vulnerabilidades associadas a eventuais conflitos entre os países. Ambos afirmaram já estar em curso um processo de “desglobalização”.
Já João Gama pediu cautela com esta afirmação, lembrando as movimentações em favor da priorização do acordo UE-Mercosul (com todas as ameaças que representa, nomeadamente em relação aos Direitos Humanos), como resposta às actuais crises. Efectivamente, ainda existem forças no sentido de colocar o pé no acelerador da “hiperglobalização” e poderão ser determinantes. João Gama lembrou também o processo de expansão do Tratado da Carta da Energia – o maior obstáculo ao combate às alterações climáticas na Europa – e a urgência de pressionar o governo português a favor do seu abandono.
