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Carta à diretora do Público

Carta à diretora do Público

Carta à diretora do Público

Na sua crónica do dia 20 de Novembro, Assis afirma “que só falta aliás um ataque descabelado ao Tratado Comercial Transatlântico” (TTIP). Esta afirmação é reveladora de uma posição absolutamente indefensável por parte de quem deveria ser mais responsável e defensor da soberania do seu povo.
Subentende Assis que, em geral, os ataques ao TTIP são descabelados. Embora estejamos em rede permanente com outras organizações europeias de cidadãos, nunca assistimos a um único “ataque descabelado” ao TTIP. Pelo contrário, todas as críticas a que temos assistido baseiam-se não em directivas ideológicas mais ou menos vazias, mas em factos extremamente concretos que virão afectar sem remissão a vida quotidiana dos cidadãos europeus e americanos.

Depreende-se portanto, que Assis seja um feroz defensor do TTIP, posição que julgamos partilhar orgulhosamente com toda a direita. Assim sendo, Assis defende também necessariamente:

1. – Os alimentos geneticamente modificados (OGMs) como sendo bastante benéficos para a saúde humana, dos animais e dos solos, contribuindo, para melhorar o bem-estar, o ambiente e a biodiversidade. Os benefícios destes alimentos são tão profundos que as companhias desenvolvem actualmente uma intensa campanha destinada a impedir rotulagem clara desses produtos.
2. – A possibilidade de as grandes companhias farmo-químicas aumentarem exponencialmente os preços dos medicamentos de referência e restringir os genéticos.
3. – A obrigação dos governos liberalizarem integralmente todos os sectores da economia do estado.
4. – A limitação e controlo da utilização da internet, bem como a comercialização livre dos dados dos utilizadores.
5. – O esmagamento das empresas nacionais menos capazes de enfrentar a feroz concorrência americana (tomate e citrinos, lacticínios, etc.).
6. – A possibilidade das grandes corporações processarem os estados (mas nunca o inverso) sempre que a legislação ou regulamentação prejudique os seus lucros actuais ou futuros, através de tribunais especiais (sem juízes, apenas advogados), visto essas empresas nutrirem uma profunda desconfiança dos sistemas de justiça constituídos, integrados na soberania dos estados-nação.
7. – O secretismo das negociações e do próprio Tratado que continuará classificado por alguns anos mesmo após a sua eventual aprovação ou rejeição. Ou seja, os cidadãos que sofrerão as suas consequências não têm qualquer direito a conhecer a ameaça que impende sobre as suas vidas.

Estes são alguns dos aspectos que Assis defende. Será esta a tal política responsável, o tal projecto credível que menciona?