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Homem do dinheiro ligado a activistas de Bruxelas

Homem do dinheiro ligado a activistas de Bruxelas

Homem do dinheiro ligado a activistas de Bruxelas

Ayman Jallad tem 2 batalhas entre mãos. O homem de negócios sírio-libanês gere o complexo negócio da venda de tractores Caterpillar nos mercados devastados pela guerra em Gaza, no West Bank e Síria.

No seu escritório equipado com painéis solares situado num armazém a 18 km de Beirute, ele dirige uma cruzada contra a CE que acusa de ser controlada pelas multinacionais.

Na qualidade de gerente da “Isvara Foundation”, um importante financiador de alguns dos maiores críticos de Bruxelas, o tímido Jallad com 67 anos procura virar a sua antipatia contra os OGM, contra a influência corporativa e contra as emissões de GEE integrantes da política da UE – e está a ter sucesso.

A Fundação estabelecida em 2007 é o maior financiador do “Corporate Europe Observatory” (CEO), um grupo de advocacia com sede em Bruxelas e dedicado à denúncia dos poderes corporativos e do branqueamento. Esta organização é uma das principais responsáveis pelo descarrilamento do TTIP…

Isvara também apoia os Friends of the Earth Europe e o Transnational Institute, dois importantes grupos de influência que têm desempenhado papel central nas lutas pela proibição de pesticidas e por denunciar a indevida influência das corporações em Bruxelas… Jallad declarou: “…Se houver mais justiça na Europa, talvez ela alastre ao resto do mundo”.

Na linha de fogo

As fundações como a de Jallad encontram-se sob um crescente escrutínio por parte de Bruxelas, pois o PE lança um olhar crítico sobre as ONG e seu financiamento. Em 27/03, a Comissão de controle orçamental discutiu uma proposta apresentada pelo deputado alemão de direita Markus Pieper, exigindo que a UE cortasse o financiamento às ONG que “reiteradamente disseminem inverdades” ou fizessem campanha por “objectivos contrários aos valores fundamentais da UE”…

O deputado de Os Verdes, Sven Giegold também apoiou uma proposta no PE que obriga as ONG a integrar o registo de transparência da UE a respeito dos seus financiadores.

A maioria das ONG rejeita a sugestão de que é errado aceitar fundos de pessoas ricas, uma vez que o seu trabalho é do interesse público.

Entre as vozes mais críticas das ONG como o CEO, estão os lobbies corporativos que as acusam de prosseguir estreitas agendas ideológicas, em vez dos interesses públicos. Marco Mensinck, director do CEFIC, associação dos industriais químicos e um dos principais financiadores dos lobbies de Bruxelas, declarou que “lamentavelmente, algumas ONG não praticam a transparência que apregoam nem respeitam as leis da transparência europeia”.

Markus Beyrer, director do BusinessEurope, o maior lobby corporativo europeu também afirmou: “Longe de representarem a vontade das pessoas, algumas ONG distorcem o debate público com argumentos dúbios, números falseados e com táticas de meter medo… Isso levanta a questão da sua legitimidade democrática e representatividade”.

As fundações negam que pressionam as organizações que apoiam. “A principal razão pela qual financiamos os grupos é que sentimos que isso ajuda a fortalecer a voz da sociedade civil”, declarou Rogier van der Weerd que trabalha no ramo holandês da “Adessium Foundation”: “Isso faz parte da protecção do interesse público no sistema mundial”.

Para Olivier Hoedeman, do CEO, os objectivos da fundação são mais importantes que a fonte do seu financiamento. “Desde o momento que o dinheiro entra na fundação que prossegue um conjunto de objectivos progressistas com que nos identificamos, não há qualquer problema”, afirmou… Sem doadores como a Isvara, o público teria ainda menos vozes na decisão política europeia, facilitando os processos não democráticos e o lobbying corporativo…

O nome Isvara vem de uma palavra indú para “Ser Supremo” ou Deus. A fundação está registada no Liechenstein e é gerida pelo banco suíço UBS, esclareceu Jallad que acrescentou:

“A CE é um dos alvos da fundação, pois é controlada pelas multinacionais”. Recusou revelar a identidade dos seus outros doadores nem a parte do dinheiro entregue às ONG. Devido á sua predilecção pela privacidade, Jallad é quase desconhecido nos círculos de Bruxelas. O site da Isvara não o menciona e pouco se sabe dele ao certo, excepto em alguns blogs conspirativos…

A sua empresa, a Jallad Group, é concessionária da Caterpillar desde 1979. Jallad vem de uma família libanesa rica pertencente á elite económica. Perguntando sobre as razões do segredo, Jallad respondeu: “Não estamos aqui para publicidade. Queremos salvar o ambiente e proteger os direitos humanos… Lutamos para bloquear as políticas neoliberais socialmente destrutivas que caracterizam o actual processo da globalização liderada pelas corporações”.

“Um exemplo é a diluição do REACH, lei introduzida em 2006… Há corrupção no big business…está tudo armadilhado”.

Transnational Institute, Friends of the Earth, Transport & Environment e Finance Watch, são algumas da ONG que também recebem fundos da CE.

Giulia Paravicini e Harry Cooper, “Politico”, 6/04/2017

www.politico.eu/article/ayman-jallad-ayman-jallad-mystic-money-man-behind-brussels-activists-ngo-funding/?utm_source=POLITICO.EU&utm_campaign=14563c

Tradução e adaptação de Manuel Fernandes

Beirute