Intervenção da TROCA no “Ato-debate em apoio aos povos indígenas” – Plataforma por um Comércio Internacional Justo – lida pela Gisele Fernandes, do Colectivo Andorinha, a quem muito agradecemos
“Caros manifestantes e defensores dos direitos dos povos originários,
Hoje, reunimos as nossas vozes para expressar a nossa solidariedade com os povos originários do Brasil e para clamar por justiça em relação à demarcação das suas terras. Os povos originários enfrentam ameaças crescentes, e é nosso dever como cidadãos conscientes erguermo-nos em sua defesa.
Há séculos, os povos originários habitam as terras que agora chamamos de Brasil, preservando a sua cultura, tradições e conhecimento ancestral. Eles são guardiões da natureza, cuja conexão intrínseca com o meio ambiente nos ensina lições inestimáveis sobre a sustentabilidade e o equilíbrio. No entanto, as suas terras estão constantemente sob ameaça de invasões, desmatamento e exploração desenfreada.
Infelizmente, o actual cenário político e económico coloca em risco a sobrevivência dessas comunidades. Vimos alertar que o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, caso avance, representa um drástico agravamento desta situação. Embora os defensores deste acordo façam repetidas promessas de desenvolvimento económico, ele também traz consigo muitas ameaças que não podem ser ignoradas.
A exploração desenfreada dos recursos naturais nas terras dos povos originários é um dos principais problemas enfrentados por essas comunidades. O acordo UE-Mercosul aumentaria significativamente a pressão sobre a Amazónia e outras áreas protegidas, intensificando o desmatamento, a poluição e a perda de biodiversidade. Essa destruição ambiental não apenas compromete o equilíbrio ecológico do planeta, mas também viola os direitos humanos fundamentais dos povos originários.
Além disso, o acordo também pode abrir caminho para o aumento das actividades de empresas multinacionais em terras indígenas, sem garantias adequadas para a protecção dessas comunidades e suas culturas. A exploração de recursos minerais e a exploração agropecuária predatória podem levar à perda de territórios essenciais para a subsistência e o bem-estar dos povos originários.
Diante deste contexto alarmante, é essencial que nos mobilizemos também contra o acordo UE-Mercosul enquanto exigimos a demarcação e protecção adequada das terras indígenas. Por isso, a TROCA pede a todos os presentes que assinem e divulguem a petição “Contra o Acordo Comercial UE-Mercosul, pela Democracia, Ambiente e Saúde” que podem encontrar no site da TROCA. Devemos pressionar os nossos representantes políticos, participar em manifestações pacíficas e apoiar organizações e movimentos sociais que lutam pelos direitos dos povos originários.
A demarcação de terras é um direito garantido pela Constituição brasileira e por tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. É um imperativo moral e legal que a demarcação ocorra de maneira justa e imparcial, garantindo a preservação das culturas originárias e a autodeterminação desses povos.
Não podemos permitir que a ganância económica e os interesses empresariais prevaleçam sobre os direitos humanos e a preservação do meio ambiente. Precisamos agir agora, em solidariedade com os povos originários e em defesa de um futuro sustentável para todos.
Unidos, podemos fazer a diferença. Juntos, podemos amplificar as nossas vozes, aumentar a conscientização e lutar por mudanças importantes. Vamos mobilizar-nos, manifestar a nossa indignação e lutar pela justiça e pelos direitos dos povos originários. Agora é o momento, e a nossa união é a chave para criar um mundo mais justo e inclusivo.
Que o som dos nossos gritos e o pulsar dos nossos corações ecoem na História, garantindo um futuro de respeito, dignidade e harmonia para os povos originários e para o nosso planeta.
A luta é de todos nós!”






