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A TROCA, juntamente com 400 organizações da sociedade civil, apela ao governo português para SAIR do TCE.

A TROCA, juntamente com 400 organizações da sociedade civil, apela ao governo português para SAIR do TCE.

A TROCA, juntamente com 400 organizações da sociedade civil, apela ao governo português para SAIR do TCE.

No dia 28 de Setembro de 2021, aquando da 7ª sessão de negociação do Tratado da Carta da Energia (TCE), a TROCA enviou uma carta, abaixo reproduzida, aos Ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos e Silva, e do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, e ainda ao Secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba. Nessa carta, remetemos uma declaração subscrita por mais de 400 organizações da sociedade civil europeia e não só, apelando, mais uma vez, à retirada de Portugal do TCE. O Tratado encontra-se sobejamente ultrapassado pelas presentes necessidades e compromissos assumidos pela União Europeia (UE), como o Acordo de Paris e o Pacto Ecológico Europeu, pondo assim em causa a transição energética preconizada e tão referida como urgente pelo governo.

Continuamos a aguardar resposta.

Exmo. Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros,

Exmo. Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática,

Exmo. Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Energia,

 

No passado dia 2 de Setembro, o Tribunal de Justiça da UE pronunciou-se[1] da seguinte forma: “Por conseguinte, a disposição do TCE em causa não é aplicável aos diferendos que opõem um Estado‑Membro a um investidor de outro Estado‑Membro a respeito de um investimento realizado por este último no primeiro Estado‑Membro.“ Ou seja, os processos de investidores privados europeus contra os Estados-Membros da UE em tribunais arbitrais privados, com base na cláusula “ISDS” do TCE, são incompatíveis com o direito europeu.

Esta é uma decisão importante no que tange à aplicabilidade intra-UE do TCE, mas essa incompatibilidade verifica-se não só nesta área, mas também em termos de objectivos em relação ao Pacto Ecológico Europeu, à Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável de 2030 e ao Acordo de Paris, três compromissos internacionais vinculativos para Portugal e a UE. As emissões de gases com efeito de estufa protegidas pelo TCE excedem largamente o orçamento de carbono disponível para a UE durante o período 2018-2050, se se pretende limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus celsius.

Entre 28 de Setembro e 1 de Outubro terá lugar a 7ª sessão de negociação do Tratado da Carta da Energia (TCE). A UE e Portugal insistem em renegociar um acordo obsoleto que não é passível de reforma, por exigir unanimidade das 55 partes envolvidas para a sua modificação.

Vimos por este meio, mais uma vez, apelar a um posicionamento corajoso de Portugal, desta vez remetendo-lhe uma declaração subscrita por mais de 400 organizações[2] da sociedade civil europeia e não só, apelando à retirada de Portugal deste tratado ultrapassado face às presentes necessidades e compromissos, pondo assim em causa a transição energética preconizada e da maior urgência.

Solicitamos novamente uma audiência assim que possível.

Agradecemos desde já,

saudações cidadãs,

Pela TROCA – Plataforma por um Comércio Internacional Justo

Ana Moreno e Conceição Alpiarça

[1]   https://curia.europa.eu/juris/document/document.jsf?docid=245546&mode=lst&pageIndex=1&dir=&occ=first&part=1&text=&doclang=PT&cid=3180763

[2] A lista das 400 organizações signatárias e o apelo nas versões inglesa, alemã, espanhola e portuguesa (pág. 7) estão disponíveis nesta hiperligação.