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Cúmplices de Genocídio?

Cúmplices de Genocídio?

Cúmplices de Genocídio?

Na sua campanha presidencial, apontando para um mapa, Jair Bolsonaro afirmou: «[estas] são [as] reservas indígenas no Brasil. Onde tem uma reserva indígena tem uma riqueza por baixo dela. Temos que mudar isso daí».

Se esta declaração não tivesse sido suficientemente clara, noutra ocasião o mesmo Jair Bolsonaro disse «O interesse da Amazónia não é o índio nem a porra da árvore. É o minério». O Presidente brasileiro não se esforça por esconder o seu desdém pelos povos indígenas: «se eu assumir [a presidência] não tem um centímetro quadrado mais para terra indígena».

Pouco depois de assumir a Presidência, o número de ataques (frequentemente homicidas) dirigidos aos povos indígenas disparou. O subprocurador-geral da República Antonio Carlos Bigonha afirmou: “A proposta do governo Bolsonaro ao índio é o genocídio” e as organizações de defesa dos Direitos Humanos confirmam o diagnóstico.

Os povos indígenas estão conscientes do impacto que a abertura de mercados e a primarização da economia brasileira podem ter no estímulo aos ataques que sofrem. A líder indígena e activista brasileira Sonia Guajajara, numa conferência de imprensa (no âmbito da digressão europeia “Sangue Indígena, Nenhuma gota a mais”), afirmou que os produtos brasileiros que chegam à Europa vêm “regados com sangue indígena”.

Deve dizer-se que não é apenas em relação aos povos indígenas que Jair Bolsonaro põe em prática políticas extremistas. Jair Bolsonaro tem atacado o Estado de Direito e as liberdades políticas, tem tornado o Brasil um líder mundial no que concerne ao homicídio de líderes sindicais e outras formas de supressão da actividade sindical e tem estimulado o ódio racial.

Neste contexto, a pressa em assinar o Acordo UE-Mercosul a todo o custo é simplesmente vergonhosa. Os portugueses não só não querem ser cúmplices destes crimes, como parecem especialmente críticos no contexto europeu, talvez por saberem melhor quem é Bolsonaro. Seria bom o governo dar-lhes ouvidos.