No passado dia 26 de Maio, o BioPorto com outros colectivos/organizações e apoio da TROCA, realizou, no Porto, a “Marcha pela Biodiversidade”.
Na impossibilidade de estar presente, a intervenção da TROCA, cujo texto damos a conhecer abaixo, foi lida pela Vanessa Ferreira, do BioPorto, a quem muito agradecemos.
Boa tarde a todos.
A TROCA – Plataforma por um Comércio Internacional Justo, agradece ao BioPorto e a todos os colectivos que estiveram envolvidos na organização desta Marcha, assim como à presença e participação de todos.
A TROCA é um colectivo apartidário e horizontal, integrado numa plataforma que reúne muitas OSC europeias e que completa 10 anos de existência a lutar contra os tratados de comércio tóxicos e injustos.
Entre os acordos de livre comércio e investimento que a UE tem vindo a negociar e a ratificar nos últimos anos, o acordo entre a UE e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), constitui um perigo para o Planeta, para a Democracia e para as pessoas.
Este acordo, entre outros impactos negativos, incentivará:
– o aumento do uso de pesticidas perigosos e outras substâncias tóxicas, na sua maioria produzidas e vendidas por países europeus, mas que são proibidas na UE, por serem conhecidos os seus efeitos prejudiciais;
– a utilização agrícola de OGMs e agroquímicos, tendo a Bayer/Monsanto uma presença privilegiada e poderosa nos países do Mercosul.
Este e outros tratados internacionais de livre comércio e de investimento, e a complacência do poder político e económico, permitem que as empresas multinacionais aumentem os seus lucros em tempos de crise alimentar e climática, enquanto provocam a destruição de ecossistemas, de diversidade de culturas agrícolas e humanas, e fomentam o aumento de desigualdades sociais e da precariedade.
Isto obriga-nos a estar, mais do que nunca, vigilantes e activos na defesa da democracia, dos direitos sociais e laborais, do ambiente e dos direitos dos animais e contra o domínio dos interesses corporativos das multinacionais.
Nesse sentido, a TROCA:
– Propõe uma relação comercial justa baseada na solidariedade, igualdade, cooperação, sustentabilidade e democracia como já defendido na Declaração de Alternativas;
– Rejeita acordos comerciais perigosos e destruidores do clima, como o já referido UE-Mercosul;
– Apoia a exigência de suspender a finalização dos acordos de liberalização do comércio UE-Mercosul e de liberalização do comércio e investimento, como o UE-México e UE-Chile;
– Rejeita as propostas da Comissão de dividir (splitting) acordos comerciais, com as quais pretende contornar o escrutínio dos parlamentos nacionais e regionais e excluir as vozes críticas dos Estados-Membros da UE;
– Rejeita a proposta da Comissão Europeia da aplicação “provisória” de acordos, antes de serem debatidos e votados nos parlamentos nacionais;
– Apoia o comércio que promova sistemas agroalimentares ecológicos, cadeias de abastecimento local e soberania alimentar;
– Defende a relocalização do comércio que, não só beneficia o planeta como os agricultores familiares, as comunidades locais e as pequenas empresas, em vez de beneficiar as grandes empresas e a agroindústria que exploram a natureza e as pessoas, e que transferem os seus lucros para paraísos fiscais;
– Propõe a criação de novas regras que impeçam a exportação de produtos proibidos na UE e a obtenção de lucros com pesticidas e outros produtos tóxicos por empresas europeias;
Não podendo confiar na lógica capitalista dominante, cabe-nos a nós, sociedade civil, reivindicar a justiça social e ecológica como a alternativa viável, credível e possível na luta pelo bem-estar e pelo bem comum.
Convidamos todos os presentes a juntarem-se à TROCA. Reunimos quinzenalmente e decidimos conjuntamente as nossas actividades. Podem contactar-nos através do nosso site.
Vamos, juntos, traçar alternativas ao UE-Mercosul e a outros acordos, prosseguindo com a luta contra os OGMs e os agroquímicos, por uma alimentação saudável, pelo bem comum e respeito pela biodiversidade e o Planeta!
Gratos pela vossa atenção! Estamos juntos!